A Escolinha do Aleluia (Por Carlos Romero Carneiro)

Qualquer um que tenha passado a infância em Santa Rita do Sapucaí viveu um tempo em que, bom mesmo, era fazer parte da Escolinha do Aleluia. Isso lá pelos anos 80, quando o treinador botava a criançada para correr e promovia os imperdíveis jogos nas manhãs de domingo.

Podia parecer que não, mas havia certo critério na definição dos times. Os pernas de pau jogavam no Brasilzinho. Os bons de bola eram escalados para atuar no Flamenguinho. Havia clássicos travados entre dentes de leite e juvenis, mas nunca cheguei tão longe para mudar de “clube” ou categoria. Me colocaram no Brasilzinho e, ali, fiquei enquanto deu.
O bacana daquela época era que Aleluia exigia boas notas da criançada. Para entrar em campo era preciso apresentar o boletim ou prometer melhores resultados. Se fazia vista grossa eu não sei, mas tinha medo de não me sair bem e ser eliminado do pior time da cidade.

Daquele selecionado de crianças, surgiram grandes nomes do futebol. Jogadores como Ziquinha, Juninho (mais tarde Roque Júnior), Niquimba e outros nomes travavam disputas com a molecada e sempre levavam boa vantagem. Mais tarde, ganhariam grandes clubes. Alguns deles seriam reconhecidos em todo o país e até no exterior. Já eu, nunca joguei nada. Lembro das vezes em que algum amigo chegava ao meu pai para perguntar se eu seria jogador e sempre ouvia a resposta desapontada: “Esse não gosta de bola!” E não gostava mesmo… Nos treinos ou nos jogos, parava para arrancar o mato que surgia entre o gramado, via os companheiros correrem de um lado para o outro, chutava poças d’água, imaginava histórias, observava a feição da torcida, lia a publicidade nas paredes… fazia de tudo, menos me inteirar da partida. Se eu tocava duas ou três vezes na bola, podia me dar por satisfeito. Nasci com duas canhotas. Era sempre o último a ser escolhido. Aquilo, definitivamente, não era pra mim.

Anos depois, quando levei meu filho para assistir a uma partida da Copa do Mundo, lembraria dos tempos do estimado Aleluia. Eu me encantei com o som produzido pela torcida, achei curiosa aquela câmera que sobrevoava o gramado, fiquei contente com a alegria estampada no rosto da minha família, mas não lembro de uma única jogada na partida entre Inglaterra e Costa Rica, que terminou em zero a zero.

Daqueles bons tempos de escolinha, trago lembranças de uma criançada que vinha de todos os cantos em busca de diversão. Reverencio, décadas depois, o empenho de um treinador e sua grande importância para o futebol santa-ritense! Salve Aleluia! Salve liga santa-ritense de futebol!

(Por Carlos Romero Carneiro)

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