Um papo musical com o santa-ritense Tiago Abranches

Como começou a sua paixão pela música?

Sempre gostei de tudo o que se relacionasse à música. Minha mãe conta que quando passava desfile de 7 de setembro na avenida eu já saía correndo para poder acompanhar as fanfarras. Meu interesse maior veio mesmo quando eu tinha de 10 pra 11 anos. Naquela época, a minha mãe me levava para a igreja, eu via o pessoal tocar e achava aquilo tudo muito interessante!

E quando ganhou o seu primeiro instrumento?

Por volta de 1997, a minha avó perguntou o que eu gostaria de ganhar de presente e eu fiquei em dúvida… não sabia se pedia um teclado ou um videogame. Eu pensei: acho melhor começar pelo teclado… Naquela época, soube que uma moça de Cambuí chamada Paula, que frequentava a Igreja Presbiteriana, era professora de teclado e eu comecei a ter aulas com ela. Foi ali que comecei a aprender a tocar um instrumento.

E como foi seu primeiro contato com uma banda?

Quase na mesma época, surgiu uma banda chamada Naja, do Ticiano, Quico, Luketa, Paulão e Elieser. Eu acabei ficando amigo deles e ia sempre aos ensaios. Aquela foi a primeira vez que eu vi uma banda tocar e fiquei louco! Percebi, naquele momento, que gostava muito daquele mundo e que queria mesmo ter uma banda. Não demorou muito a começar a ter aulas de teclado. Pouco tempo depois, comecei a estudar com o Ticiano e a nossa amizade só aumentou!

Quando começou a se interessar por violão e guitarra?

Eu tinha alguns amigos que tocavam violão e já começava a ver aquele instrumento com um olhar diferente. Eu sempre ia na casa deles e pedia pra me ensinarem a tocar algo. Até que eu pedi um violão para os meus pais e eles ficaram meio cabreiros… mal me deram um teclado, eu já queria um outro instrumento… Mas minha avó atendeu ao meu pedido e meu primeiro professor de violão foi o Henrique Andery que se tornou muito meu amigo… Quando iniciei as aulas, aprendi tão rápido a tocar que o Henrique me indicou para ter aulas com o Luketa. Eu então fui evoluindo, resolvi aprender a tocar guitarra e, de tanto chorar lá em casa, ganhei a minha. Tive 6 meses de aulas de guitarra com o Luketa e aprendi pra caramba até que ele decidiu me passar para um amigo dele de Pouso Alegre chamado Nícolas.

Conte sobre sua primeira banda…

Minha primeira banda foi com o Daniel Paduan, com o Daniel Chuchu, o Paulo Batera e o Dário. Chamava Tai-Stick, nome que o Paulo viu em uma reportagem no Jornal Nacional e que ninguém sabia muito bem o que era. O Luketa era quem armava os shows e dava uma força para gente conseguir tocar por aí…

E a General Java?

Com o fim da Tai-Stick, por volta de 2002, o Paulo Batera me contou que eu seria convidado para fazer dupla de guitarra com o Luketa na General Java. Aquilo foi o auge pra mim até então porque era o meu grande sonho! Lembro que o Luketa me passou o repertório em dois CD´s e disse que eu tinha duas semanas para aprender. Nós tocaríamos em alguma cidade da região e eu teria que começar rápido. Lembro que fiquei com medo de não dar conta mas era uma coisa que eu queria tanto que eu ensaiava o dia inteiro! Foi ali que os meus pais começaram a botar fé na coisa. Começaram a acreditar que poderia dar certo! Eu permaneci na General Java por 10 anos. O Ganso, que também era da banda, toca comigo até hoje… dá pra imaginar que nós tocamos juntos há 18 anos? É muito tempo de parceria!

Dali em diante você se profissionalizou?

De 2002 a 2007 eu tocava só com a banda. Dali em diante, o Pop Rock deu uma caída e começou a crescer o sertanejo universitário… Eu não queria tocar sertanejo de jeito nenhum mas cheguei à conclusão de que era um músico profissional e que precisaria trabalhar com tudo que era dupla da região! Até 2012, eu fazia freelancer de vários estilos, sempre tocando com muitos artistas.

E quando começou a dar aulas?

Eu comecei a dar aulas para alunos iniciantes entre 2003 e 2004. Aquela era uma oportunidade boa de ter uma renda extra. Hoje eu estou com mais de 30 alunos e nunca deixei de ser professor. Foi nessa mesma época que passei dois anos no conservatório, período bacana em que conheci muita gente e que aprendi muito também!

O que aconteceu quando a General Java acabou?

No meio de 2012, achamos que a General Java já tinha dado o que poderia, cada um queria seguir um caminho diferente e nos reunimos com o Fernando Teles, o Feijão, para formar uma banda que tocasse algo mais brazuca… era uma banda de Samba Rock chamada Sindicato do Groove e nós chegamos a tocar no Showrrasco onde abrimos o show dos Raimundos e depois abrimos um show do Seu Jorge, em Pouso Alegre. Essa banda durou um ano mais ou menos, até que nos desentendemos e montamos um trio para tocar na primeira edição do Vale Music Festival. Foi ali, em novembro de 2013, que formei com o Tiago Silvério e com o Ganso a Patronagens Band, nossa banda atual.
A Patronagens lançou o primeiro disco em 2016 e o segundo no ano passado. A nossa intenção era que 2020 fosse muito produtivo na divulgação deste último trabalho, mas a pandemia não deixou. Como não está sendo possível tocar ao vivo, temos feito muitas lives.

Quais são os seus projetos atuais?

O meu foco maior tem sido nas aulas. Eu procurei dar uma ênfase maior no trabalho como professor e, por conta disso, tem sido um momento muito produtivo.
Eu tenho focado bastante em projetos pessoais. Tenho aproveitado este momento mais caseiro para criar músicas para o próximo ano. A ideia é lançá-las nos formatos digitais e também sair para alguns shows. Isso não quer dizer que eu vou parar com a banda, mas tenho tido vontade de lançar também alguns trabalhos individuais. Minha intenção é deixar tudo pronto para, quando chegar o momento, poder produzir as canções. Já existem algumas composições instrumentais prontas. A ideia não é lançar um disco, mas canções aleatórias.

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