Um papo com o músico e artista visual, Ricardo Amaral

Como começou a sua paixão pela música?

Eu sou de São Paulo. Meus avós maternos são daqui e, quando eles eram mais novos, se mudaram para lá. Meu avô e meu bisavô eram músicos em Santa Rita. Eles tocaram na banda Jazz Brasil e em outras bandas da época. Meu avô, Benedito Jésus, tocava trompete. E meu bisavô era o Zezinho. Tocava contrabaixo acústico. Quando se mudou para São Paulo, meu avô trabalhou em banco, mudou de profissão, mas a aptidão passou para os filhos. Minha mãe, por exemplo, toca violão. Quando eu tinha sete anos, compus uma música no teclado e fiquei todo feliz… só que fui saber que a música já existia.

E quando aprendeu a tocar um instrumento?

Eu comecei a me interessar por música e a tocar um instrumento quando eu me mudei para cá, em 1990, aos treze anos. Como o meu pai deixou a guitarra dele comigo e tinha um violão na casa do meu avô, comecei a aprender música. A primeira que a minha mãe me ensinou foi do Creedence Clearwater Revival, Have You Ever Seen The Rain. Por algum tempo, eu tive aulas com o Giovane, prestava atenção nas pessoas tocando e comprava revistinhas. Bem nessa época, surgiram as bandas Luxúria, Alma Azul, Estado Maior e outras que tocavam na cidade de que eu gostava muito. O bacana é que eu estudava no colégio, levava o violão pra tocar na hora do intervalo e me mostraram um cara cabeludo dizendo que ele cantava e tocava também. Era o Paulista! Eu estava na sexta e ele na oitava. A gente matava muita aula pra poder tocar!
Nisso, começamos a participar de show de calouros. O Paulista fazia TG e teve que fugir de uma apresentação que iria ter pra cantar com a gente. O legal foi que a nossa banda ficou em segundo lugar… mas o detalhe é que também só tinha duas bandas. Cantamos What’s Up, do 4 non Blondes. Foi nessa que começamos a ver que era possível ter uma banda e tocar… Depois dessa época, fiquei muito amigo do Daniel Paduan, tocamos muito tempo juntos até que eu comecei a tocar em barzinhos. Tocava no Tulipas, Caverna, Show Bar, Castelinho, La Fornalha… tocamos em todos estes bares da época e comecei a me interessar por outros instrumentos. Por necessidade, aprendi a tocar contrabaixo, guitarra, viola, um pouquinho de teclado e passei a oferecer o meu trabalho como músico freelancer, percebendo que aquilo poderia ser rentável.

E se tornou profissional?

Eu comecei a tocar com duplas sertanejas, grupos de baile, bandas de axé… toquei muitos anos com Daniel e Alessandro… por cerca de 8 anos tocamos em diversos eventos.

E quando montou a sua banda atual?

Em certo momento eu comecei a cansar um pouco dessa correria e procurei tocar algo que estivesse mais no meu gosto pessoal. Eu então saí deste trabalho freelancer, comecei a tocar em barzinho, até que conversei com o Ticiano e com o Paulo onde teríamos muita liberdade de estilo, sem tanta fidelidade com os arranjos originais. Uma banda de improviso mesmo! Nós não somos músicos de jazz, mas temos muita liberdade para fazer um solo de flauta, guitarra e outros instrumentos. Como somos amigos há muito tempo, escolhemos o nome “Os Cumpadi”, em homenagem à nossa amizade.

Você voltou aos bares?

Hoje em dia meu trabalho se resume a tocar em barzinhos, eventos particulares e festivais. Toco muito com o Will Amaral e acabei sendo o único músico, desde meu avô, a viver mesmo da música.

E você tem mais projetos?

Eu toco com muitos amigos. Toco também num projeto chamado Rehab que faz tributo à Amy Winehouse, num projeto da Legião Urbana… na verdade, meu objetivo é sempre somar e não me prender a Santa Rita. Gosto muito dessa troca com outros músicos. Sou um músico colaborativo com o trabalho de outros artistas.

Você ilustra, não é?

O desenho está na minha vida muito antes da música. A minha mãe guarda o primeiro desenho que fiz aos dois anos. Na escola, os coleguinhas pediam pra eu desenhar pra eles… Já na faculdade, fazia ilustrações de camisetas da turma ou caricaturas para tirar sarro. Quando eu saí da prefeitura, onde atuei por 21 anos, comecei a trabalhar com arte e a produzir estes trabalhos. As artes visuais foram um recomeço na minha vida. Tenho feito muitas caricaturas, entrelaçado música com pintura e outros temas. Deve fazer uns dois anos que voltei a desenhar e tenho ajuda de alguns artistas da cidade. Eu fiz um curso de stencil com o Diego Dais e aprendi muito com o curso dele. A Dani Azevedo, que faz muitas pinturas em paredes por aqui, é uma artista sensacional e me ensinou muitas coisas. Nós, hoje, nos tornamos parceiros em muitos trabalhos chamados “chalk board”, que emitam lousa. Hoje, esta é a minha relação com a arte!

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