Empresa criada em Santa Rita produz equipamento que salva vidas

Nascida dentro do Programa Municipal de Incubação Avançada de Empresas de Base Tecnológica (ProIntec), incubadora de empresas de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas Gerais, a SensyMed, especializada em equipamentos médicos de alta tecnologia, sediada hoje em Itajubá (Sul de Minas), projeta expansão comercial para 2018, com aumento no portfólio de produtos e destaque para a unidade de aquecimento SensyWarming e os diversos modelos de mantas térmicas SensyBlanket, que juntos cuidam da prevenção e tratamento de quadros de hipotermia.

De acordo com o engenheiro eletricista, sócio e diretor do setor de Pesquisa e Desenvolvimento da SensyMed, William Hideki Yanaguizawa, nos últimos anos a empresa vem crescendo 30% ao ano. “Esse crescimento é em produção, como dos modelos SensyBlanket, que têm baixo custo de fabricação e preço médio de R$ 300 pela tabela Simpro (referencial de preços de medicamentos e produtos para a saúde)”, explica. Somente para a manta SensyBlanket, projeção é de 300 unidades/mês.

Segundo ele, a expansão comercial, estimada para os próximos três anos, tem o intuito de aproveitar ao máximo o crescente mercado no País por mantas térmicas descartáveis para dispositivos de ar forçado. “Nos últimos três anos de pregão eletrônico, por meio do sistema Comprasnet, desenvolvido pela Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) para licitações governamentais, houve uma demanda de quase 130 mil mantas térmicas descartáveis dos mais diversos modelos, movimentando mais de R$ 12 milhões”, observa.

Demanda nacional – Este ano, a indústria também pretende aplicar recursos próprios para a divulgação e entrada do sistema de aquecimento SensyWarming no mercado, apresentando e consolidando a solução como a primeira do segmento produzida nacionalmente, abrindo caminho para a expansão e desenvolvimento dos outros produtos da empresa. “São diversos tipos de soluções que atendem desde a prevenção de hipotermia até estimulações nervosas para delicados procedimentos cirúrgicos”, completa Yanaguizawa.

Com a unidade de aquecimento em fase final de certificação pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e seu acessório essencial, as mantas térmicas SensyBlanket (já disponíveis para venda), a SensyMed espera no segundo trimestre deste ano atender a demanda de todo o setor de saúde nacional.

“Além da inovação que aplicamos nos nossos produtos, nacionalizamos a tecnologia, o que permitiu fazê-los chegar à rede pública de saúde”, diz o diretor. A nacionalização da produção provocou uma natural queda nos custos de fabricação, e isto tornou possível a sua aquisição pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Apesar do crescimento na produção tecnológica brasileira no segmento de produtos para a saúde, conforme aponta o sócio-diretor da SensyMed, 60% desses equipamentos ainda são importados, afirma a Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (Abimo). Ainda de acordo com o órgão, só em 2016, este mercado movimentou R$ 25 bilhões.


SOLUÇÃO REDUZ TEMPO DE PACIENTES EM HOSPITAL

O engenheiro eletricista, sócio e diretor do setor de Pesquisa e Desenvolvimento da SensyMed, William Hideki Yanaguizawa, recorre ao cenário mundial para esclarecer a importância do desenvolvimento das soluções. Segundo ele, o número de leitos atualmente no Brasil está abaixo do número recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e vem caindo segundo dados do Conselho Nacional de Saúde (CNS). “Os produtos SensyMed podem auxiliar nesse problema, porque os equipamentos diminuem o tempo dos pacientes nos hospitais”, afirma, ressaltando a melhora na rotatividade dos leitos com o uso deles.

O sócio-diretor também explica que um paciente que desencadeia problemas decorrentes da hipotermia, no pós-cirúrgico imediato, fica em média dois a seis dias a mais nos leitos, gerando um alto custo para os hospitais, ainda com risco de aumento em 31% da taxa de mortalidade nesses casos.

A hipotermia, principal alvo da inovação, é conhecida da medicina como uma das complicações mais comuns em período pós-operatório que envolve anestesia (a incidência da hipotermia atinge de 60% a 85% de todos os pacientes na sala de pós-anestésico quando não utilizado um sistema de aquecimento e a mortalidade proveniente salta de 19% para 31% em pacientes que desenvolvem o quadro), podendo desencadear outros problemas mais sérios, até mesmo cardíacos e neurológicos.

O SensyWarming, explica Yanaguizawa, atua diretamente no quadro. “Ele fornece ar aquecido com temperatura precisamente controlada à manta térmica, que é feita de material leve e flexível, e recobre o corpo do paciente sob tratamento, distribuindo o ar uniformemente e realizando o aquecimento forçado do corpo”, explica.

Linha do tempo – A SensyMed foi fundada, no final de 2007, por um médico-cirurgião e uma engenheira ao final de uma pós-graduação em Engenharia Biomédica, se instalando inicialmente na Incubadora Municipal de Empresas de Base Tecnológica de Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais.

Os investimentos iniciais, somente considerando os das instituições parceiras citadas e suas respectivas contrapartidas, somam um valor aproximado de R$ 900 mil desde a concepção da empresa, que passou por um longo período de pesquisa e desenvolvimento para as soluções imaginadas.

A SensyMed já foi contemplada por diversos programas de financiamento público desde sua fundação, como o do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) , Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), entre outros.

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